26 de maio de 2010

Expectativas Superficiais

Há quem diga que a sabedoria só chega com uma perda. Já perdi amores, já perdi minha avó, já perdi a alegria. Já achei que tinha encontrado ela de novo. Em vários locais diferentes. Mas já perdi as esperanças de me convencer que ela, a alegria, seja mais definitiva do que parece.

Mas tudo isso não me faz mais sábio. E isso não faz desse texto um manifesto melancólico de um jovem gay sem expectativas. Não o leiam assim porque, como as pessoas, ele não se mostra como realmente é.

Ele se casou. Partiu pela última vez o meu coração ruim. Ruim porque não cansa de ser remendado. Cheio de costuras e ajustes de última hora. E eu não aprendi. Enquanto ele me diz que resolveu dar rumo a vida dele, eu insisto em me convencer que a minha está além disso. 

Mas pelo contrário, sempre soube por onde eu estava andando.

No fundo, a gente sempre sabe por onde vai.

I ran and I ran... I'm still running away...

19 de maio de 2010

Onde Você Encontra a Verdade...

"Achei que você era especial. Achei que você devia saber isso." Todo o discurso sobre como eu te amo só é válido se você não for viado. E a gente passa a vida açucarando a verdade. Pra suportar a sua frieza ou pra justificar o comodismo.

Quem prega que fora do armário existe mais calor e compreesão, mente. Primeiro porque aqui (ou lá) fora é cada um por si. Já é difícil por conta própria. Segundo, porque ninguém te promove no trabalho por uma postura abertamente gay.

Teve um tempo que  achei que um amor dos grandes ia facilitar a repulsa que cega quem a gente espera superar as expectativas. A ironia é que a variável que me fez desacreditar foi o amor mesmo. Por que a repulsa é uma constante.

Quando você vê tão pouco de alguém representando um papel tão forte em como seus pais o enxergam, você perde a paciência. Agora que eu perdi a paciência, já não tenho mais comentários. Não estou nem aí.


 Aperte aqui se você já aguentou demais!

12 de maio de 2010

Ele e Eu

Mas um dia ele, de repente, acreditou de verdade que seria forte o suficiente pra mim.

Não sei o quanto ele procura de homem em mim. E o quanto de mim procura um homem. Penso mais que ele nem imagina o quanto  eu preciso do homem nele. Seja pela fortaleza ou pela vulnerabilidade. Seja pela tranquilidade ou pela urgência.

Não estou acostumado a esforços que superem a minha vontade de agradar. Eu sou objeto e ele observador. Será que é disso que eu preciso?

Quando ele percebeu que seria o suficiente pra mim, nem minha descrença serviu de alíbi. Tive que me dedicar.

Subitamente, ele começa a precisar de mim. Depois de algum tempo, volto a ser aquele que provem. Será que eu vou ser a melhor opção, quando ele é você?

 
 Ninguém precisa de amanhã com um dia desses...

5 de maio de 2010

Entre Parenteses - Parte II

Ele para de transar com ela.

(Comigo também. Mas as conversas vão noite a dentro. Ele conhece todos meus amigos. Gosto de ver ele sorrindo.)

Na festa de fim de ano da empresa, ele a leva. Todo mundo comenta o corte novo do cabelo dela. Ele ri e se diverte. Ela abraça ele e não solta nem por um segundo. Por 3 minutos, ele troca olhares comigo.

(Sem um pingo de culpa! Queria viver sem consciência como ele. Apesar de querer muito, prefiro não transar e vou embora. Querendo chorar.)

Ele passa finais de semana por conta dela. Sente alegria na risada dela e é tratado bem pelos familiares. Ele sabe que ela faz surpreendentemente bem a ele.

(Eu fico por conta dos meus pensamentos.)

Ficar com ela sempre é fácil. Existe uma devoção não-aparente nela que dá segurança suficiente a ele para o erro e redenção, erro e redenção, erro e redenção. Vai ser um bom casamento, mas não acho que seja amor.

(Você não pode me fazer chorar. Você já teve esse poder. Nunca me senti tão bem assim comigo mesmo.)

Fim?
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